Mirassol nada contra a maré e segue 100% brasileiro na elite nacional

Escrito em 29/04/2025
Gustavo Ferreira - Jogo de Hoje

Único clube da Série A sem atletas estrangeiros, Leão do Interior chama atenção em meio à diversidade do Brasileirão



Chico Kim em ação pelo Mirassol — Foto: Johny Inácio/Ag. Paulistão

Enquanto a presença de jogadores estrangeiros cresce a cada temporada no Campeonato Brasileiro, um clube se destaca justamente por ir na contramão dessa tendência. O Mirassol é, atualmente, o único entre os 20 times da Série A que não possui nenhum jogador nascido fora do Brasil em seu elenco. Os outros 19 clubes reúnem, ao todo, 135 atletas estrangeiros.

Além do elenco, a comissão técnica do time do interior paulista também é inteiramente formada por profissionais brasileiros.

Se considerarmos jogadores com dupla cidadania, o Mirassol conta com quatro nomes: os goleiros Walter e Thomazella, que possuem cidadania italiana; o zagueiro Gabriel Knesowitsch, com nacionalidade polonesa; e o meia Chico Kim, que também tem vínculo com a Coreia do Sul. Nascido em Cascavel (PR), Chico passou parte da infância no Paraguai, país para onde seus pais, imigrantes sul-coreanos, se mudaram nos anos 1980.

Mais do que a atual ausência de estrangeiros, a presença de atletas de fora sempre foi rara na história recente do clube. Desde 2001, apenas três estrangeiros vestiram a camisa do Leão em partidas profissionais: o argentino Frontini (2008), o boliviano naturalizado Pablo Escobar (2010) e o chinês Junlong Xiao (2023). Este último ficou nove meses no clube, mas jogou por apenas 14 minutos.

Antes dele, Pablo Escobar defendeu o Mirassol em 2010, marcando quatro gols em nove jogos. Com destaque no futebol boliviano pelo The Strongest, ele representou a seleção da Bolívia na Copa América de 2015. Já Frontini, que teve passagem por dezenas de clubes brasileiros e é ídolo do Vila Nova, marcou uma vez em seis partidas com a camisa amarela e verde.

Ao ser questionado pelo ge sobre o porquê de o clube não contar com jogadores estrangeiros, o coordenador técnico Paulinho, ex-volante do Corinthians e da Seleção Brasileira, explicou que não há uma diretriz específica sobre isso.

É realmente coincidência. Não é nada que seja um protocolo do clube. Por coincidência acabou sendo dessa forma, mas não é uma filosofia ou metodologia do clube de não ter estrangeiros na instituição — afirmou.

Gringos por toda parte

Entre os 19 adversários do Mirassol na Série A, 17 contam com ao menos cinco estrangeiros em seus elencos. O Grêmio lidera a lista, com 11 jogadores de fora do país. Na outra ponta, Juventude tem quatro, e o Vitória, apenas um. Ou seja, muitos clubes contam hoje com mais estrangeiros em uma única temporada do que o Mirassol teve em mais de duas décadas.

Veja o número de estrangeiros por clube da Série A:

11 jogadores
Grêmio: Walter Kannemann, Mathías Villasanti, Gustavo Cuéllar, Franco Cristaldo, Miguel Monsalve, Alexander Aravena, Francis Amuzu, Cristian Olivera, Cristian Pavón, Matías Arezo e Martin Braithwaite

10 jogadores
Vasco: Mauricio Lemos, Manuel Capasso, Puma Rodríguez, Juan Sforza, Dimitri Payet, Benjamín Garré, Nuno Moreira, Jean Meneses, Loide Augusto e Pablo Vegetti
Fortaleza: Gastón Ávila, Benjamín Kuscevic, Emanuel Brítez, Eros Mancuso, Pol Fernández, Tomás Pochettino, Emmanuel Martínez, Kervin Andrade, Dylan Borrero e Juan Martín Lucero

9 jogadores
Internacional e Fluminense

8 jogadores
Palmeiras, Corinthians e Sport

7 jogadores
Flamengo, Atlético-MG, São Paulo, Santos e Bragantino

6 jogadores
Cruzeiro e Botafogo

5 jogadores
Ceará e Bahia

4 jogadores
Juventude

1 jogador
Vitória

Ranking de nacionalidades no Brasileirão 2024:

País Nº de jogadores
Argentina 46
Uruguai 27
Colômbia 15
Paraguai 12
Equador 8
Venezuela 7
Portugal 6
Chile 5
Angola 2
RD Congo 1
Holanda 1
França 1
Dinamarca 1
Espanha 1
Bélgica 1
Peru 1
Fonte: Jogo de Hoje 360

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