Único clube da Série A sem atletas estrangeiros, Leão do Interior chama atenção em meio à diversidade do Brasileirão
Chico Kim em ação pelo Mirassol — Foto: Johny Inácio/Ag. Paulistão
Enquanto a presença de jogadores estrangeiros cresce a cada temporada no Campeonato Brasileiro, um clube se destaca justamente por ir na contramão dessa tendência. O Mirassol é, atualmente, o único entre os 20 times da Série A que não possui nenhum jogador nascido fora do Brasil em seu elenco. Os outros 19 clubes reúnem, ao todo, 135 atletas estrangeiros.
Além do elenco, a comissão técnica do time do interior paulista também é inteiramente formada por profissionais brasileiros.
Se considerarmos jogadores com dupla cidadania, o Mirassol conta com quatro nomes: os goleiros Walter e Thomazella, que possuem cidadania italiana; o zagueiro Gabriel Knesowitsch, com nacionalidade polonesa; e o meia Chico Kim, que também tem vínculo com a Coreia do Sul. Nascido em Cascavel (PR), Chico passou parte da infância no Paraguai, país para onde seus pais, imigrantes sul-coreanos, se mudaram nos anos 1980.
Mais do que a atual ausência de estrangeiros, a presença de atletas de fora sempre foi rara na história recente do clube. Desde 2001, apenas três estrangeiros vestiram a camisa do Leão em partidas profissionais: o argentino Frontini (2008), o boliviano naturalizado Pablo Escobar (2010) e o chinês Junlong Xiao (2023). Este último ficou nove meses no clube, mas jogou por apenas 14 minutos.
Antes dele, Pablo Escobar defendeu o Mirassol em 2010, marcando quatro gols em nove jogos. Com destaque no futebol boliviano pelo The Strongest, ele representou a seleção da Bolívia na Copa América de 2015. Já Frontini, que teve passagem por dezenas de clubes brasileiros e é ídolo do Vila Nova, marcou uma vez em seis partidas com a camisa amarela e verde.
Ao ser questionado pelo ge sobre o porquê de o clube não contar com jogadores estrangeiros, o coordenador técnico Paulinho, ex-volante do Corinthians e da Seleção Brasileira, explicou que não há uma diretriz específica sobre isso.
— É realmente coincidência. Não é nada que seja um protocolo do clube. Por coincidência acabou sendo dessa forma, mas não é uma filosofia ou metodologia do clube de não ter estrangeiros na instituição — afirmou.
Gringos por toda parte
Entre os 19 adversários do Mirassol na Série A, 17 contam com ao menos cinco estrangeiros em seus elencos. O Grêmio lidera a lista, com 11 jogadores de fora do país. Na outra ponta, Juventude tem quatro, e o Vitória, apenas um. Ou seja, muitos clubes contam hoje com mais estrangeiros em uma única temporada do que o Mirassol teve em mais de duas décadas.
Veja o número de estrangeiros por clube da Série A:
11 jogadores
Grêmio: Walter Kannemann, Mathías Villasanti, Gustavo Cuéllar, Franco Cristaldo, Miguel Monsalve, Alexander Aravena, Francis Amuzu, Cristian Olivera, Cristian Pavón, Matías Arezo e Martin Braithwaite
10 jogadores
Vasco: Mauricio Lemos, Manuel Capasso, Puma Rodríguez, Juan Sforza, Dimitri Payet, Benjamín Garré, Nuno Moreira, Jean Meneses, Loide Augusto e Pablo Vegetti
Fortaleza: Gastón Ávila, Benjamín Kuscevic, Emanuel Brítez, Eros Mancuso, Pol Fernández, Tomás Pochettino, Emmanuel Martínez, Kervin Andrade, Dylan Borrero e Juan Martín Lucero
9 jogadores
Internacional e Fluminense
8 jogadores
Palmeiras, Corinthians e Sport
7 jogadores
Flamengo, Atlético-MG, São Paulo, Santos e Bragantino
6 jogadores
Cruzeiro e Botafogo
5 jogadores
Ceará e Bahia
4 jogadores
Juventude
1 jogador
Vitória
Ranking de nacionalidades no Brasileirão 2024:
País | Nº de jogadores |
---|---|
Argentina | 46 |
Uruguai | 27 |
Colômbia | 15 |
Paraguai | 12 |
Equador | 8 |
Venezuela | 7 |
Portugal | 6 |
Chile | 5 |
Angola | 2 |
RD Congo | 1 |
Holanda | 1 |
França | 1 |
Dinamarca | 1 |
Espanha | 1 |
Bélgica | 1 |
Peru | 1 |